PAPU - PROJETO DE ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA UNIVERSITÁRIA
Resumo
A equoterapia é uma técnica desenvolvida para reabilitação neurológica de pessoas com deficiências físicas e/ou cognitivas tendo como ferramenta a montaria em cavalo. Os cuidadores (pais e/ou responsáveis) dos praticantes não recebiam qualquer tipo de escuta ativa ou cuidados emocionais. Propusemos a utilização do tempo que coincide com o tempo de duração semanal da prática equoterápica, 30 minutos, para então efetuarmos a prática de assistência psicológica com os cuidadores, enquanto os mesmos esperavam o término da prática equoterápica pelos praticantes. Utilizou-se a técnica de aconselhamento psicológico, Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, para proporcionar orientação e acolhimento psicológico aos cuidadores de praticantes da equoterapia e, ao mesmo tempo, propiciar a prática da técnica de aconselhamento psicológico aos estudantes de Psicologia, sob supervisão de professores orientadores. Como experiência, foram acompanhados três grupos distintos de cuidadores, com duração de 30 minutos cada um, durante 8 encontros semanais. Os grupos eram formados por cerca de 6 a 8 pessoas e foram conduzidos por duplas de estudantes de Psicologia, em formato de círculo, sendo compostos pelos cuidadores, especialmente mães dos praticantes. Os encontros aconteceram ao ar livre, em cadeiras no gramado. A participação era facultativa. Os temas mais frequentes trazidos pelos próprios participantes foram questões relacionadas à estigmatização do deficiente físico e/ou cognitivo, o preconceito, a não inclusão, seja nas escolas, instituições de saúde, família e sociedade em geral, assim como questões governamentais e políticas públicas ainda pouco eficazes. Puderam entrar em contato com suas dores e compartilharam seus medos. Os grupos se perceberam como uma célula de enfrentamento, concluindo que, unidos, devem lutar pelos direitos humanos, sempre tão fragilizados pelo estilo utilitarista adotado pela sociedade de consumo. Ficou claro que essa proposta proporcionou o cuidado de quem cuida, possibilitou o manejo do aconselhamento pelos estudantes e se tornou um propiciador da luta por direitos humanos, especialmente das pessoas com deficiências.